Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram um dos principais influenciadores de comportamento, incluindo a maneira como as pessoas enxergam a própria aparência. Com o aumento da exposição a filtros, selfies e padrões estéticos idealizados, cresceu também a procura por cirurgias plásticas. A busca por um “rosto perfeito” ou “corpo dos sonhos” muitas vezes é impulsionada por comparações constantes com influenciadores digitais e celebridades.
Segundo a cirurgiã plástica Janine Moreira Rodrigues, o fenômeno é real e tem gerado impactos diretos na demanda por procedimentos estéticos. “Pacientes chegam ao consultório com fotos de influenciadores e expectativas moldadas por filtros irreais. É fundamental esclarecer que cada rosto e corpo têm características únicas e que a cirurgia deve respeitar essas particularidades”, explica. A humanização do atendimento é essencial nesse contexto.
As chamadas “cirurgias de selfie”, como rinoplastia, bichectomia e harmonização facial, ganharam popularidade justamente por influenciarem diretamente a imagem em fotos e vídeos. Para Janine Moreira Rodrigues, o problema não está na busca por melhorias estéticas, mas sim na motivação por trás delas. “É importante que o desejo pela cirurgia venha do paciente, e não da pressão social ou digital”, alerta.
Outro fator relevante é a rapidez com que os resultados são compartilhados nas redes. Antes e depois impressionantes, acompanhados de legendas motivacionais, podem passar a falsa impressão de que a transformação é simples e imediata. Janine Moreira Rodrigues destaca que, na realidade, o processo envolve planejamento, cuidados pós-operatórios e tempo de recuperação — fatores que nem sempre aparecem nos stories ou publicações.
As redes sociais também podem ser aliadas quando usadas com responsabilidade. Informações de qualidade, depoimentos sinceros e orientações de profissionais sérios ajudam a educar o público e a combater expectativas irreais. Janine Moreira Rodrigues acredita que o diálogo transparente com o paciente é a melhor forma de construir uma relação baseada na confiança e no respeito aos limites individuais.
Em um mundo cada vez mais conectado, é importante refletir sobre os impactos da imagem digital na autoestima e na saúde mental. A cirurgia plástica pode, sim, contribuir para o bem-estar, mas deve ser uma escolha consciente, segura e alinhada com o que o paciente realmente deseja — e não apenas com o que está em alta no feed.